Nova Deli:
O primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, felicitou Donald Trump pela sua “vitória histórica” ao garantir um segundo mandato como presidente dos EUA. No entanto, a mensagem, postada no X (antigo Twitter), veio com uma gafe – visto que o governo de Sharif impôs uma proibição nacional à plataforma.
A postagem de Sharif, que desejava felicidades a Trump e expressava o desejo de “fortalecer e ampliar a parceria Paquistão-EUA”, foi imediatamente sinalizada com uma Nota da Comunidade. A nota salientava que o primeiro-ministro paquistanês estava de facto a aceder à plataforma através de uma VPN, o que, de acordo com o quadro jurídico do Paquistão, viola as regulamentações nacionais.
“O primeiro-ministro Shehbaz Sharif baniu o X (antigo Twitter) no Paquistão. Ele está usando uma VPN para acessar o X, o que é ilegal de acordo com a lei do Paquistão”, dizia a Nota da Comunidade X.
O Ministério do Interior do Paquistão anunciou em abril que o acesso ao X foi bloqueado devido a questões de segurança nacional, com os utilizadores a relatarem dificuldades no acesso à plataforma desde meados de fevereiro. Apesar da posição oficial do governo, Sharif e outras autoridades parecem ter encontrado maneiras de contornar o bloqueio usando VPNs. Na verdade, muitos líderes paquistaneses, incluindo os do próprio partido de Sharif, continuaram a utilizar a plataforma livremente, ignorando as suas próprias restrições legais.
A proibição em si gerou polêmica. Inicialmente, o governo citou preocupações sobre a recusa da plataforma em cumprir as leis locais, incluindo a polêmica lei de 2021 chamada Regras de Remoção e Bloqueio de Conteúdo Online Ilegal. O governo também deu alarme sobre “elementos hostis” que utilizam as redes sociais para desestabilizar o Paquistão, mas os críticos argumentam que a restrição tem motivação política, especialmente na sequência de alegações de fraude eleitoral.
O próprio rival político de Sharif, Imran Khan, tem sido um dos utilizadores mais activos das redes sociais no Paquistão, particularmente X, onde o seu partido, o Paquistão Tehreek-e-Insaf (PTI), conquistou milhões de seguidores. Khan, agora preso, alegou que a sua destituição em 2022 foi orquestrada pelos militares e que as eleições do início deste ano foram manipuladas para manter o seu partido fora do poder. A restrição governamental de X, sugerem alguns, é uma tentativa de silenciar tais opiniões, especialmente porque a plataforma tem sido uma saída crítica para a dissidência.
Os críticos argumentam que o Ministério do Interior ultrapassou os seus limites ao impor a restrição, contornando a Autoridade de Telecomunicações do Paquistão (PTA), que é o único órgão autorizado a regular o conteúdo online ao abrigo da Lei de Prevenção de Crimes Electrónicos de 2016. A verdadeira motivação por detrás da proibição é forçar X a cumprir as exigências de censura local, como tem acontecido com outras plataformas como YouTube e TikTok.