Primeiro-ministro francês Michel Barnier (Foto: Reuters)

Michel Barnier, o novo primeiro-ministro francês, sobreviveu a uma movimento de desconfiança trazida pela oposição de esquerda na terça-feira, marcando o primeiro teste para o seu frágil governo num país dividido Assembleia Nacional. A moção, proposta pelo Nova Frente Popular (NFP), ficou muito aquém dos 289 votos necessários, com apenas 197 legisladores a apoiar, conforme noticiado pela agência de notícias AFP.
Uma derrota para a esquerda
O voto de desconfiança, liderado pelo líder do Partido Socialista (PS) Olivier Faureprocurou destituir o governo de Barnier, nomeado pelo presidente Emmanuel Macron para restaurar a estabilidade após as eleições inconclusivas de julho. Faure admitiu a derrota, dizendo: “Houve muito pouco suspense” e reconheceu que o público francês agora tinha clareza sobre “quem está na maioria e quem está na oposição”.
Faure acusou Barnier de ser “refém e cúmplice da extrema direita”, referindo-se ao Rally Nacional de extrema-direita (RN), que votou contra a moção, garantindo o seu fracasso. “É matemático, sem o apoio do RN, o seu governo teria sido derrubado”, disse Cyrielle Chatelain, líder do partido Ecologistas dentro do NFP. Ela afirmou ainda que a votação refletia “um acordo político” entre Macron e Marina Le Penlíder do RN.
Oposição de extrema direita
Guillaume Bigot, membro do Parlamento do RN, rebateu as acusações da esquerda, acusando o NFP de “amutismo” e alertando que derrubar o governo apenas “levaria ao caos”.
Barnier, um antigo negociador do Brexit da União Europeia, foi nomeado em julho para trazer estabilidade a uma França politicamente dividida. Desde então, o político veterano de 73 anos emitiu alertas sobre a saúde financeira do país, alertando que a França enfrenta uma crise financeira. se o seu défice orçamental não for reduzido, e sugeriu aumentos de impostos para os que ganham mais.
Instabilidade
Com Macron a ficar em segundo plano nas questões internas, Barnier poderá enfrentar novas moções de censura que poderão ter sucesso se o RN mudar a sua posição. Os comentadores alertam que o governo de Barnier está agora sob a “espada de Dâmocles”, vulnerável aos caprichos políticos de Le Pen, que deverá concorrer à presidência em 2027.
Ciente dos desafios que se avizinham, Barnier disse: “Sei que estou nas mãos do parlamento”, reconhecendo que a sobrevivência da sua administração depende da manutenção de alianças frágeis numa legislatura dividida.